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Segunda, 22 Junho 2015 13:42

Bilac Pinto encaminha pronunciamento à mesa da Câmara dos Deputados para publicação

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O SR. BILAC PINTO (PR-MG. Pronunciamento encaminhado pelo orador.) - Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, em editorial recente, o jornal O Estado de S. Paulo repercute trechos do pronunciamento do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso, que, ao receber o Prêmio Homem do Ano, da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos, afirmou: "Pode-se governar sem popularidade, mas não se pode governar sem credibilidade".


Com a experiência de quem conduziu o País em momentos de grande turbulência e, mesmo assim, foi capaz de legar a seus sucessores um ambiente de estabilidade econômica, o ex-Presidente, do alto de seus 83 anos de vida e sabedoria, merece ser ouvido. E quem deve prestar muita atenção às suas palavras é a atual ocupante do Palácio do Planalto, Dilma Rousseff. 


Afinal, ela parece estar perdida, sem a menor noção de o que fazer para superar a crise gerada por ela mesma e por seu partido, e com potencial de arruinar as conquistas obtidas a duras penas nas últimas décadas. Pode ser que ela simplesmente não consiga, por inaptidão para entender a realidade ou preconceito ideológico, reverter o projeto "lulopetista", em vigor há 12 anos e que já demonstrou ter ultrapassado o limite da exaustão. 


O Brasil não aguenta mais essa mistura de populismo barato, gastança irresponsável, ilusionismo fiscal e propaganda enganosa destinada a cabalar votos de eleitores menos informados. E tudo indica que talvez esteja finalmente abrindo os olhos para ver os desastrosos resultados desses 12 anos de engodo: a espiral da inflação, a redução do PIB, o aumento do desemprego, a banalização da corrupção, a perda de investimentos.


Só a Sra. Dilma Rousseff não vê. E, aliás, é cada vez menos vista, ao menos em público, pois não quer correr o risco de ser brindada com vaias ou panelaços. Impopular e desacreditada, ela confirmou as sábias palavras do ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso. Incapaz de governar, ela delegou a administração do País ao Vice-Presidente, Michel Temer, e ao Ministro da Fazenda, Joaquim Levy, na expectativa de que eles possam corrigir os erros acumulados em sua primeira gestão e nas de seu antecessor, o Sr. Lula, e de que eles também acabem arcando com o ônus da imposição de remédios amargos à população.


É inacreditável essa tentativa da Sra. Dilma Rousseff de terceirizar a Presidência da República, para que outros façam exatamente o contrário daquilo que ela havia prometido na campanha eleitoral e adotem medidas às quais ela sempre se opôs. 


Refletindo esse clima de desconfiança, no mesmo dia em que o ex-Presidente Fernando Henrique Cardoso recebia seu prêmio e fazia clara defesa do bom uso do dinheiro público, o Fundo Monetário Internacional divulgou um estudo nada alentador sobre o Brasil. Entre as principais observações contidas nesse estudo, destacam-se os comentários sobre a erosão da credibilidade das diretrizes econômicas, em razão da persistente deterioração dos resultados fiscais e da inflação acima da meta, bem como sobre o desafio de restaurar a credibilidade e reforçar a confiança nas decisões econômicas.


Trata-se mesmo de um brutal desafio, e, por isso, não surpreende que os agentes econômicos, dos quais depende a recuperação brasileira, estejam no aguardo de indicações mais confiáveis sobre os rumos do Governo, antes de tomarem suas decisões de investimentos. Nesse ambiente de incerteza generalizada, também não surpreende que haja muita resistência do Congresso e da opinião pública em aceitar pagar a conta da incompetência e da irresponsabilidade alheias.


Além disso, como confiar nesse discurso de ajuste fiscal, quando nem a ocupante do Palácio do Planalto nem o principal partido que lhe dá sustentação parecem acreditar na necessidade de o Governo controlar seus gastos? Tudo indica que o tão propalado ajuste venha a se revelar mero pretexto para aumentar, ainda mais, a já insuportável carga tributária, que prejudica o desenvolvimento do País.


Infelizmente, nestes 12 anos em que o projeto "lulopetista" vem sendo levado a efeito, o Brasil engrenou a marcha a ré. Deixou-se convencer por arcaísmos, por concepções ideológicas que desprezam a iniciativa privada e a sintonia com o mundo contemporâneo, que submetem a sociedade ao leviatã estatal, com todas as mazelas daí decorrentes, e hoje fartamente noticiadas, até mesmo nas páginas policiais.

É urgente restaurar a disciplina fiscal para tentar reverter essa situação e resgatar conquistas que não são deste ou daquele partido ou governante, mas de todo o País. Mas como fazer isso, se falta liderança ao Brasil? Ninguém consegue mobilizar o esforço coletivo sem liderança. E ninguém exerce liderança sem credibilidade.


Sr. Presidente, Sras. e Srs. Deputados, popularidade até se consegue restabelecer; credibilidade, entretanto, uma vez perdida, jamais se recupera. Esse é o dilema que teremos de superar, para o bem do Brasil. 


Muito obrigado.

Lido 2472 vezes Última modificação em Sexta, 17 Fevereiro 2017 17:38

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