O doleiro disse ter sido procurado no início de 2014, e que não só executou a operação porque, em março, foi preso com a deflagração da Operação Lava Jato.
O jornal teve acesso ao depoimento de Youssef prestado em 9 de junho deste ano, em Curitiba, onde ele está preso, e coopera com as investigações com um acordo de delação premiada, assinado em setembro de 2014 para redução de sua pena.
Esse depoimento diz respeito à ação movida pelo PSDB contra Dilma no Tribunal Superior Eleitoral desde 2014, e que pede a cassação da presidente.
De acordo com o jornal, no depoimento, o doleiro não identifica com precisão a pessoa que o teria procurado para pedir ajuda, e deixa claro que não participou da campanha da presidente."Olha, uma pessoa de nome Felipe me procurou para trazer um dinheiro de fora e depois não me procurou mais. Aí aconteceu a questão da prisão, e eu nunca mais o vi'', disse.
Youssef disse ainda que Felipe não seria pessoa de suas relações: "Se não me engano, o pai dele tinha uma empreiteira. Não consigo me lembrar (do nome da empreiteira)".
Alberto Youssef respondeu ainda que o dinheiro era para a campanha de Dilma, porém o emissário da presidente não indicou onde estaria o dinheiro.
Paulo Roberto Costa
O ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa, que também assinou acordo de delação premida, prestou depoimento à Justiça Eleitoral, no mesmo processo. Segundo a Folha de S.Paulo, ele falou sobre sua relação com Dilma e confirmou ter sido convidado pela presidente para o casamento da casamento da filha, Paula, em 2008. Isso, três anos antes de ela chegar ao Planalto.
"Foram convidados o presidente, a [então] diretora Graça [Foster] e eu, que eu saiba. Não posso confirmar se outros foram [convidados]. Estavam presentes no casamento o presidente [José Sérgio] Gabrielli, a diretora Graça e eu", afirmou.
Em depoimento, Costa disse ainda que alguns contratos da Petrobras eram feitos na sua época sem projeto completo. Prática contra a qual Dilma não teria tomado qualquer medida e que, segundo ele, facilitaria desvios de recursos.
Governo
O ministro Edinho Silva (Comunicação Social da Presidência) respondeu ao jornal Folha de S.Paulo que o depoimento de Youssef deixa claro que o doleiro "nunca manteve contato com a campanha de Dilma Rousseff" à reeleição.
''Desconheço as pessoas citadas. Apenas eu, Edinho Silva, tinha autorização da campanha Dilma Rousseff para estabelecer contatos e efetuar arrecadação. Além disso, em janeiro de 2014 não havia sequer campanha eleitoral", disse.
Edinho foi o tesoureiro da campanha da petista.
Sobre o repatriamento de dinheiro e as pessoas citadas no depoimento de Youssef, a Secretaria de Comunicação Social respondeu: ''Está explícito que o próprio depoente afirma categoricamente que nunca manteve contato com a campanha Dilma Rousseff.''
''A campanha à reeleição Dilma Rousseff arrecadou recursos apenas dentro da legalidade e, portanto, no país", afirmou o ministro.
Em relação à demissão de Paulo Roberto da diretoria de Abastecimento da Petrobras, respondeu que foi uma decisão da presidente em favor de uma nova composição na direção da estatal.
O PT disse ao jornal que não iria se pronunciar sobre o caso.
O advogado de Youssef, Figueiredo Bastos, também disse à Folha que não comentaria o teor do depoimento.
O advogado de Paulo Roberto Costa, João Mestieri afirmou que as declarações de seu cliente "são sempre verdadeiras".
Data de publicação: 03/07/2015
Fonte: Jornal O Tempo - https://www.otempo.com.br/capa/pol%C3%ADtica/youssef-foi-procurado-pelo-pt-para-repatriar-dinheiro-diz-jornal-1.1063780