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Quinta, 09 Julho 2015 14:12

FMI amplia para 1,5% previsão de retração da economia do Brasil em 2015

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WASHINGTON - O Fundo Monetário Internacional (FMI) ampliou a magnitude da recessão projetada para a economia do Brasil em 2015, que passou de retração de 1% para queda de 1,5%, de acordo com a nova edição trimestral do relatório Panorama da Economia Mundial (WEO, na sigla em inglês), divulgada hoje na capital americana. Em 2016, a recuperação ocorrerá, porém mais modesta do que antecipava-se: o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro deverá ser de 0,7%, contra previsão anterior de alta de 1%.

A deterioração do cenário brasileiro fica evidente ao se observarem os números projetados para o país nos três relatórios anteriores do FMI. Em outubro, durante a reunião anual do Fundo e do Banco Mundial e antes do segundo turno da eleição presidencial, a previsão era de expansão de 1,4% este ano. Na revisão de janeiro, baixou para estagnação de 0,3%, convertendo-se em recessão de 1% no encontro de primavera dos organismos multilaterais, em abril.

Nas breves três páginas de resumo do cenário global na virada do segundo semestre, a equipe do economista-chefe do FMI, Olivier Blanchard, não faz comentários específicos sobre o Brasil. Afirma apenas que o ritmo da atividade nas economias emergentes de forma geral continua desacelerando _ embora a previsão para 2015 tenha caído só 0,1 ponto percentual, para 4,2%, devido à manutenção dos números da China (6,8%) e da Índia (7,5%).

A necessidade de reformas estruturais que removam gargalos e elevem produtividade é mais uma vez reforçada. O receituário que já virou mantra do Fundo é acompanhado de um recado para países onde é limitada a capacidade de manejar a política econômica para religar os motores do crescimento, caso no qual o Brasil, na avaliação de analistas, amplamente se enquadra.

As projeções do FMI - Editoria de arte

“O apoio à demanda deve vir do reequilíbrio da política fiscal, de forma a incentivar o crescimento de longo prazo, por intermédio de reforma tributária e reformulação das prioridades de gastos”, diz o texto do time de Blanchard.

O Brasil, porém, não foi caso isolado no relatório. O FMI destacou que o resultado muito fraco do primeiro trimestre nos EUA contaminou os grandes parceiros Canadá e México, cujas previsões de crescimento foram cortadas em 0,7 e 0,6 ponto percentual, respectivamente, para 1,5% e 2,4% em 2015.

A projeção para os EUA caiu 0,6 ponto, para 2,5%, após o inverno rigoroso, a greve nos portos da Califórnia e queda acentuada dos investimentos na exploração de petróleo e gás. O resultado teve efeitos colaterais para o mundo. Os países ricos crescerão agora 0,3 ponto menos, a 2,1%, e a economia global crescerá 3,8%, queda de 0,2 ponto percentual em relação à previsão de abril.

O forte recuo dos preços do petróleo continua afetando países do Oriente Médio e do Norte de África, cuja previsão de expansão, coletivamente, caiu 0,3 ponto, para 2,6%. No Japão, entre janeiro e março a economia surpreendeu, mas o FMI diz que consumo e salários continuam reagindo lentamente, impondo trava à recuperação. Por isso, a projeção para 2015 caiu de 1% para 0,8%.

Na Europa, o conjunto de países da zona do euro mantém a trajetória de recuperação e, modesta mas consistentemente, uma das maiores ameaças à região, uma espiral de deflação, parece controlada. Desta forma, nações como Espanha e Itália tiveram a projeção ligeiramente elevada, contrabalançando uma redução de 0,3 ponto, para 2,4%, na previsão para o Reino Unido. A zona do euro deverá crescer 1,5% em 2015.

INDEFINIÇÃO SOBRE A GRÉCIA

O relatório deixa em aberto a situação da Grécia, afirmando que “o feriado bancário e o subsequente referendo, junto com a crescente incerteza sobre as perspectivas e a natureza de qualquer futura ajuda da comunidade internacional, aumentaram agudamente os spreads dos bônus soberanos gregos” e os “desdobramentos em curso possivelmente afetarão mais fortemente a atividade” do que era antecipado. O FMI nota, porém, que “as reações do mercado financeiro (ao agravamento da crise na Grécia), em toda a parte, foram relativamente tranquilas”, “sem contágio significante”.

O Fundo Monetário acredita que o balanço de riscos para a economia global continua o mesmo de três meses atrás. Uma fonte de atenção é a possibilidade de turbulências nos mercados financeiros, com aumento de aversão a emergentes e consequentemente saída de capitais. A apreciação do dólar é outro fator, pois aumenta a pressão sobre agentes endividados em moeda americana. As dificuldades de transição na China, que busca uma economia mais focada em consumo do que em investimento, também merecem monitoramento.

Os baixos preços do petróleo podem impulsionar mais o consumo nas economias importadoras e são o mais evidente fator positivo de contribuição à economia global no curto prazo, diz o FMI. O organismo multilateral, no entanto, salienta que o cenário de relativa estabilidade para a economia global não é o ideal, após as perdas significativas provocadas pela crise iniciada em setembro de 2008:

“A recuperação projetada para o crescimento global, embora ainda esperada, não se materializou de modo firme. Elevar o crescimento corrente e potencial por intermédio da combinação de apoio à demanda e reformas estruturais continua sendo a prioridade de política econômica”.

 

Matéria: Flávia Barbosa

Data de publicação: 09/07/2015

Fonte: O Globo - https://oglobo.globo.com/economia/2015/07/09/2270-fmi-amplia-para-15-previsao-de-retracao-da-economia-do-brasil-em-2015

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